Eu sou o último que ri
No país da piada pronta
Com o peito aberto aos fuzis
Da multidão que se amedronta
Independência ou Marte
A minha arte deixo aos loucos que se douram
Meu ouro é o sol que arde
E a minha parte é não ficar com os que se foram
Eu me mandei pra outro país
No coração da mata escura
Com meu francês luso-tupi
Os canibais foram à desforra
Desordem em progresso
Arrombe portas pra que o amor ocupe o prédio
Desordem em progresso
Eu aprendi o macete
Quero a cabeça do valente no banquete
E o coração do bispo amolecido num manjar muito cozido
E o riso dos amantes sendo o espumante pra brindar a vida abundante
E a noite a eternidade, eu sou houdini das correntes da idade
Houdini das correntes da idade
Eu sou o último que ri
No circo em fogo desses agiotas
Com o peito aberto aos colibris
E aos que escapuliram da gaiola
Não porte o estandarte
Os temerosos querem sempre um rei covarde
A mão que afaga e bate
Usa os peões pra anunciar o xeque-mate
E nem no aquífero guarani
Eu mataria a minha sede
Mas sem palmeiras na fleury
Onde é que eu boto a minha rede?
Levante seu gigante
Limpe o terreno pra que o amor erga uma ponte
E ligue continentes