Lilica Zabumbeiro

Batucada na ladeira no dia marcado
Chovia canivete e todo mundo estava lá
Era ainda quinta-feira mas não havia ocupado
Que com o som da zabumbeira não fosse desocupar

Zé firmino lustrou os foles
Até brilhar de dar dor nos zóio
Seu estaquio arrastou os móvi
Atrás da estante estava o ferrolho

E o forró não teve tregua nem no fim do dia
Amanhecia, anoitecia e lilica a batucar
Caboclo desnutrido logo padecia
Vendedor de rapadura lascou de ganhar

Lilica tocava a zabumba
Até a zabumba soar
Ferrolho ficou vermelho
Sanfoneiro de joelho
E o fole já sem ar

O cabra da terceira fila de queixo caido
Nunca viu vertar água em instrumento musical
Compade herculano teve que ser socorrido
Perdeu desessete quilos de tanto dançar

Ninguém tinha vergonha de pedir pinico
Ia pra casa pra depois voltar
É que por mais de três dias seguido
Lilica não parou de tocar