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Confira a Letra A Corte Vai Cair

Jairo Pereira

A Corte Vai Cair

Eles me veem como ameaça
Porquê a minha aparência
Não condiz com o status
De bem sucedido

Feito o menino
Morto a tiros
Confundido por aquilo
Que acharam
(Racistas!)
Ser o Tal Bandido

Eu tô cansado mas não paro
Porque a guerra não descansa
Acredite ainda tenho muito pra lutar

Brecar a mão que ameaça com a chibata
É meu dever, não sou cativo
A senzala não é meu lugar

Repetitivo admito sou preto cismado
Contra os enquadros que dominam
Em prol da elite

Causam terror a minha gente
Perfuram barracos
Só que pra sua infelicidade
Ainda estamos vivos

Vejo facínoras fascistas
Guiando o povo
Se aproveitam da revolta pra fazer manobras
A massa clama pois tem fome
Tem medo e chora
Mas ignoram cegamente
O valor da esmola

Diretamente da cidade em escombros
Realidade delirante
Ela afronta e enfrenta e fere o vilão
Sem arma na mão
Unhas e dentes
Ameaça o poder vigente
Com sua voz ferina
Pena e espada
Ela taca a lança
Trava a batalha e dança
Dani Nega!

Sistema de porco
Cuzão!
Que perfura de bala o pulmão
Da pele retinta do irmão
E o sangue pingando no chão
Que você ajoelhou em oração
No templo de
Maquina de fazer cifrão
Que fode o cú do povo com a mão
De antemão, vou te falar
Prepara tua cova pra tu te enterrar
Que nós vamos chegar
Pra desinstalar
O ódio de anos não vamos calar
Nós vamos arrombar
E reinstalar
Um sistema pra mão preta comandar
E vamos afundar tua estrutura
Que fez a nossa pele de noite sangrar
Nós vamos chegar
Pode chorar!
Nós vamos atacar
Pode chorar!

A plebe se revoltou
A corte vai cair
O povo grita
E o tirano não gosta de ouvir

Sirenes tocam
Ratos se sentem donos do mundo
Olha o jogo que sujo
Seu pedigree é imundo

Ao meu redor vejo iguais
Se acabando em ódio
Todos querem pódio
E pra isso não poupam cabeças

Desbravadores genocidas
Moldaram a história
Pra vermos glória
Onde há um mar de violência

Não me peça paciência
Eu tô debaixo da bota
Fascistas rosnam
E os moleke juntando sequelas

Cê não entende
É que fizeram um belo trabalho
Quebre as grades
Que aprisionam sua consciência

Raíz é arma, eles sabem
Confiam na escola
Educação manipulada
Só ferra cá mente

Não tô aqui pra obedecer
O seu jogo sujo
Eu sou a mosca em sua sopa
A te deixar doente

Erica Malunguinho

Assim como eu arco com o ônus de ter uma origem escravizada
E por isso eu tenho que negociar no mundo de algumas formas
A branquitude precisa arcar com o ônus de ter uma origem escravagista

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