Minha alma está desprendida
De toda coisa criada
E sobre si levantada numa saborosa vida
Só em seu Deus arrimada
Por isso já se verá
A coisa que mais estimo
Que minha alma se veja
Sem arrimo e com arrimo, e com arrimo!
E embora trevas padeço nesta vida mortal
Não é tão grande o meu mal
Porque se de luz careço
Tenho vida celestial, celestial!
Porque o amor dá tal vida
Quanto mais cego vai sendo quem tem
A alma rendida sem luz
E às escuras vivendo, vivendo
Faz obra tal o amor
Depois que o conheci
Que se há de bem ou mal
Em mim tudo se faz de um só sabor
E a alma transforma em si
E assim sua chama saborosa
A qual em mim estou sentindo
Apressa sem restar coisa
Todo me vou consumindo
Todo me vou consumindo
Sem arrimo e com arrimo
Sem luz e às escuras vivendo
Todo me vou consumindo
Sem arrimo e com arrimo
Sem luz e às escuras vivendo
Todo me vou consumindo