Eu agora vou falar
Pra vocês sobre um casal
Que em tudo nessa vida
Era muito desigual
Entre esse casal tinha
Desigualdade total
Kátia Fonseca e Gerônimo
É o casal que eu me refiro
Ela lenta igual aranha
Ele rápido como um tiro
Era o casal do tipo
Que eu morro e não admiro
Kátia tinha trinta anos
Jerônimo tinha sessenta
Ele era muito calmo
E ela muito briguenta
Ele andava limpinho
E ela suja e nogenta
Kátia era desigual
De de Jerônimo até demais
Ele andava pra frente
Ela andava pra trás
Ele comia pouquinho
E ela igual a animais
Jerônimo gostava muito
Mas muito, de trabalhar
Katia era preguiçosa
Preguiçosa de amargar
Enquanto ele trabalhava
Ela ia era roubar
Jerônimo era caseiro
Amava em casa ficar
Kátia não parava em casa
Gostava muito de andar
Igual cachorra no cio
Vivia a farrear
Jerônimo amava dormir
Na cama com um bom colchão
Kátia era diferente
Amava dormir no chão
Ele gostava só dela
E ela de um montão
Ele queria ter filho
Filho Kátia não queria
Por isso é que longe dele
Toda noite ela dormia
Ele sentia vontade
Mas sexo nunca fazia
Kátia gostava de chá
E Jerônimo de café
Jerônimo ia pra igreja
E Kátia pro cabaré
Ele criava um canario
E ela um caboré
Eita casal desigual
Era Kátia e o marido
Ele só chamava ela
De meu benzinho querido
E ela chamava ele
De pilantra e de bandido
Nunca vi na minha vida
Casal desigual assim
A desigualdade deles
Era uma coisa sem fim
Jerônimo era muito bom
Kátia era muito ruim
Ele era muito gordo
E ela era magrinha
Ele tinha muita banha
E ela só osso tinha
Jerônimo era muito branco
E Kátia muito pretinha
Jerônimo andava de roupa
Bem limpinha e bem passada
Kátia andava de roupa
Suja e esmulambada
A vida desse casal
Era uma palhaçada
Jerônimo andava cheiroso
Porque perfume comprava
Kátia não tomava banho
E nem perfume usava
O fedor dela era tanto
Que urubu não suportava