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Confira a Letra O Mal Se Paga Com o Bem

Poeta J Sousa

O Mal Se Paga Com o Bem

Doutor se eu não lhe atraso
Demore aí meu amigo
Pra eu lhe contar um caso
Acontecido comigo
Eu tive necessidade
De ir inté a cidade
Pra comprar umas besteirta
Café, açuca, balaio
E uns resto de piquaio
Pruque pobre não faz feira

Quando eu fui foi de jumento
Quando eu vortei foi de pés
Foi o maior sofrimento
Pois de légua era umas dez
Da cidade lá em casa
O sol quento feito brasa
E o vento sem dar açoite
E eu naquela trivessia
Conheci logo que ia
Chegar a boca da noite.

Quando eu tava descansando
Na sombra duma ingazeira
Vi um carro vim roncando
No tupete da ladeira
Eu pensei com meus butão,
Acho que vou dá cum a mão
E se o dono for amiguinho
Pode até me levar
Aí eu vou encurtar
A metade do caminho.

Era um carro de arto preço
Por arte do satanás
Um desses que eu não conheço
Onde é a frente ou atrás
Eu disse para o chofer,
Doutor se o sinhô puder
Fazer a mim um favor
Me levando até meu rancho
Eu ficava muito ancho
Inté pagava ao sinhô.

Ele respondeu: "não posso"
Desse jeito mermo assim,
"você leva muito troço
E a estrada tá ruim,
E ainda tem outro gancho
Não vou passar no seu rancho
E vom com a minha muié
Vá mesmo amassando barro
Que afinal não comprei carro
Pra carregar esmolé!"

E deu um catucão no carro
Que quase bateu em mim
Os pneu queimmaro o barro
E eu saí dizeno assim,
Deus lhe acompãe doutô
Você não fez-me um favô
Me deixou só feito um monge
Voimicê tá apressado
Mas se lembre do ditado
"de vagar se vai ao lenge!"

Deixei o pé de ingá
Imburaquei no camim
Parano aqui, acolá
De vagar de vagazim
Cansado, muito cansado
Com os pés istrupiado
E o rosto da cor de brasa
Passe no campo redondo
E quando o sol tava se pondo
Eu tava chegando em casa.

Da minha casa pra baixo
No ôi dagua dos macaco
Na berada dum riacho
Aonde tem uns buraco
Eu ví um carro parado,
Cum capuz alevantado
Um home e uma muié.
Eu maginei, vou jantar
E depois vou inté lá
Pá saber o que eles qué!"

Depois que inchi a barriga
Depois que matei a sede
Fui me deitar numa rede
Mode tira a fadiga
Do cansaço da viage
E pá criar mais coraige
Acendi o meu cigarro
Depois dixe a um irmão meu
Vou saber o que se deu
Cum dono daquele carro.

Chegando lá preguntei,
Que aconteceu meu patrão?
Ele respondeu: "quebrei
A barra da direção!
Mas quando ele olhou pra eu
Quando ele me conheceu
Me disse assim: "amiguinho,
Reconheço que errei
Na hora que lhe deixei
Na metade do caminho!"

Eu lhe respondi, doutô
Isso num tem importança
Afiná aqui já estou
E já vincí a distança
E pra mudar de assunto
Eu agora lhe pregunto,
Em que posso lhe servir?
Se não puder viajar
Vá lá pra casa jantar,
Tumar café e drumir!

Ele ficou muito ancho
A noite tava chuvosa
Teve que ir pra meu rancho
Com a muiesona orgulhosa
Mandei lhe trazer qualhada
Com cuscuz e carne assada
Armei a rede também
Truxe cubertor depois
Só para mostrar aos dois
Que o mau se paga com o bem;

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