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Confira a Letra Xei di Kor (feat. Braima Galiss​á​ & Mick Trovoada)

Prétu Chullage

Xei di Kor (feat. Braima Galiss​á​ & Mick Trovoada)

Só pra avisar
Que nada vai ficar retido na minha laringe
Teu monopólio da verdade, morreu, quando eu
Matei o tu que eras eu
Pra nascerem novos mims, livre
Das gavetas, grilhetas e tretas
Que espalhas por ecrãs e boletins
Eu vim com cometas, por mais que tu metas
Barreiras, não me restringes
Por mais que cometas, matanças ruins
Por mais que me metas, por andanças ruins
Contínuo aqui, Ogum abre os caminhos
Pra que eu não morar nos teus confins
Capinar os teus jardins
Limpar os teus camarins
Numa vida que fica a meio na fronteira
Plantação, ou na prisão onde me cinges
Ou que nunca chega à meio
Quando esse joelho me sufoca
E a tua bala me atinge tinges
As ruas a vermelho, mas vou tingir a rua
Com um mar de gente preta e machins finges
A mim não enganas com um preto na TV
Dois ou três manequins
A mim não me enganas com CMTV
Metida em todos os botequins finges
Bates-te bué, mas sabes que finges
Bates-te todo, mas sabes que finges
Eu não sou um meio p’ra atingires os teus fins
Já não sou do gueto onde me puseste
Eu vou voltar pra minha esfinge
Já não sou um preto ami é prétu, tu não me restringes
A mim e xei di kor, ami é prétu, tu já não me restringes
Minha alma não é gueto é Kilombo, tu já não me restringes
Viajo num 808 riba dum bombo, tu já não me restringes
Às tuas ideias feitas, feitorias
Teus feitos, feitores e afins
Tuas epopeias, seitas, reitorias
Teus anjos e querubins
Aos saberes e as histórias que tu me impinges
Sofrimento das memórias que tu me infliges
E que eu me inflijo
A querer ser um quinto de ti
Quando bastava ser eu por inteiro pra ser feliz
Neste que corpo que disseste não ter alma há tanta luz
Que ofusca a tua história eu infrinjo
O teu cinzento com tanta cor, que sentes serem motins
Cada prétu xei di kor sentes serem motins
No mundo monocromático
Onde és rei e senhor a incutir o teu latim
Ficar com o latifúndio e pôr-me a tirar capim
Dar a fala Pós-Colonial quando ainda estás em África
A cavar ouro, a arrancar marfim
Com essa conversa
De Lisboa Nova, tens um toque de midas
Tudo o que pegas que era meu
Agora é nosso, daqui a pouco será teu, e pelo meio roubas vidas
Mas faz bom proveito, vai com a farinha
Que eu já tenho outro kus kus a subir em água fervida
Tu e esses meus líderes que vivem de disparar ashtags
Com o nome dum preto morto
Mas eu quero é celebrar um preto em vida
Em vez de hostilizar um preto em vida
P'ra ser o dono da Negritude na casa grande
E ver minha fala aplaudida
No lugar da fala onde só fala a elite preta
Enquanto outra preta faz a lida
E há sempre um branco que valida
Ou há sempre um branco que invalida
Mano - Eu quero é celebrar uma preto em vida
Mano eu já estou farto dessa imagem combalida
De pretos a morrer no passeio
Brancos a marchar no BLM tipo um passeio
A achar que sabes aquilo que passei
Quando não sabes explicar
Meu património na vitrine do teu museu, mas eu sei
Este preto não vai levar a vida em branco, vou partir-te o rins
Marcar um golo tirar a camisa, mandar foder o estádio e ser expulso
Mas não sem que antes erga o meu punho e enrijeça o meu pulso
E fique de frente para o racismo que expressas a cada impulso
Vou ser Marega, Claudia Simões, Giovanni, Flávio, Kuku, Mussu
E todos mais
Vou ser a força dos meus ancestrais
A transbordar por todos os meus portais
A unir todos os códigos postais
E portanto hoje és tu que cais
Hoje não vais ter mais pretos pra vender no cais
Hoje não vais ter mais pretas para penetrar violentamente
E depois voltar para o teu leito de facínoras com títulos senhoriais
Hoje és tu que cais
Derrubo as estátuas a esse fracasso
A que chamas democracia, civilização
Mas fez de mim mercadoria pra financiar o mercado de capitais

Hoje dou um tiro no bicéfalo
Morre um branco, morre um preto
E nasci eu: Prétu, Xei di kor

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