O mundo me condena
E ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber
Se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia
Hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Para ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade
É minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba
Muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro
Mas não compra alegria
Há de viver eternamente
Sendo escrava desta gente
Que cultiva hipocrisia
O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
E também vão sumindo as estrelas lá no céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
Meu cortinado é um vasto céu de anil
E o meu despertador é o guarda civil
(Que o salário ainda não viu!)
O orvalho vem caindo (vamo embora!), vai molhar o meu chapéu
E também vão sumindo as estrelas lá no céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
A minha sopa não tem osso nem tem sal
Se um dia passo bem, dois e três passo mal
(Isso é muito natural!)
O meu chapéu vai de mal para pior
E o meu terno pertenceu a um defunto maior
Dez tostões no Belchior
O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
E também vão sumindo as estrelas lá no céu
Tenho passado tão mal
A minha cama é uma folha de jornal
A minha cama é uma folha de jornal
A minha cama é uma folha de jornal
A minha cama é uma folha de jornal