Sertão abrasador
Abrasa a dor
Mas não é brasa nem é dor
É assim quente, rente
Do calor de sua gente!
E eu cá já não sinto
As pedras e os espinhos que piso
Pois tenho os pés calejados
Nos dissabores que me fizeram forte!
E eu cá já não me perco
Nas veredas e nos caminhos
Pois me sustento nos cajados
Que me impuseram até a morte!
Tenho os pés calejados
Sob os cajados mas não sou aleijado
E eu cá já vejo poesia
No suor que carpe o dia
No sorriso desdentado
E sem graça
E na brandura
Da ternura
Da lágrima
É o sertão, é o sertão
É o sertão, tão meu sertão
Tão meu sertão!