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Confira a Letra Desabafo de Cabôco

Walter Lajes

Desabafo de Cabôco

Ah dr. Cuma me dói
Arrescordá meu passado
Meu sertão de chão rachado
Pela seca arrinitente
Fica tudo diferente
No tempo da sequidão
É fôia seca no chão
Casa veia abandonada
Vaca morrendo atolada
Na lama do cacimbão

Num se avista nem anum!
Dento do bosque esquisito
Cabra, carneiro, cabrito
Morreno de um em um
Menino magro doente
E a mãe impaciente
Sem saber o que fazer
E o pobre catingueiro
Nos assêro do terrero
Pedindo a Deus pra chover

Menina quage criança
Com o peito cheio de magua
Vai ver se arruma água
Cum trez légua de distança
A muié magra coitada
Guarda as panela imborcada
Num girau véi da cozinha
Os mulequim com emborná
Correno atraz dum preá
Mode comer com farinha

O sertanejo cabôco
Se embrenha nos tabulêro
Intrupicano nos toco
Pra ver se sarva um carnêro
Que tá morreno de fome
Pois faz um mês que num come
Nem mandacaru tostado
Só se avista flagelo
E a morte com seu cutelo
Matando gente adoidado

Domingo dia de fera
É o maior sofrimento
O pobre pega uma cela
Põe no lombo do jumento
E sai caminhando à trote
Passa riacho, serrote
Tristonho, desanimado
Vai falar com o budegueiro
Pra ver se sem ter dinheiro
Faz outra feira fiado

Em casa a criança chora
Chega faz éco na serra
Gato mia, cabra berra
A situação piora!!
Na rua o pobre se vinga
Enchendo a cara de pinga
Esquece o que tá passano
E a mãe em casa coitada
Consolano a fiarada
O dia inteiro esperano

Quando ela perde a fé
Vai na casa da visinha
Pede um pouquim da farinha
Uma cuié de café
Cuma boa mãe que é!!
Acomoda a fiarada
Sem durmir agoniada
Vai pra porta ver a Lua
Chega o marido da rua
Bêbado, com fome e sem nada

Toda caatinga se cala
Parece qui nem tem gente
E a cauã impaciente
Cantano fora de hora
As porta das casa veia
O vento abrino e fechano
Num tem mais ninguém morano
Qui a seca boto pá fora

O gado mago morreno
Vítima da seca assassina
Nem um galo de campina
Canta pá nós escutar
Só a coruja agourenta
Dá uns gemido na gruta
Toda vez que a gente escuta
Dà vontade de chorá

O ipê roôxo num fulora
Tamburíl nem catingueira
Nas moita de quixabeira
Num tem mais anum mara
Donde os numbú de pé roxo
Cantava de tardesinha
E os bando de indurinha
Vinha se agazaiá

A Lua nasce branquinha
Iguá a casca de ôvo
Parece zombá do povo
Cada vez mais atraente
Os cadelim vira-lata
Detrás da porta ganindo
Parece qui tá sentindo
A dor que seu dono sente

E os dr. Da política?
Nem óia pro cariri
Só fala de C.P. i
Nesses tá de mensalão
Chega na televisão
Mentindo de cara liza
Parece que nem precisa
Dos matutim do sertão

Será que esses deputado
Num vê qui foi n's qui deu
Que votou, que escreveu
No dia da inleição?
Com uns papezim na mão
Butemo lá o seu nome
E eles nem vê qui a fome
Tá devorano o sertão

Num ver mãe sentindo dor
Botar força pra parir
E o fí sem quer sair
Pro que num tem mais sustança
Na agonia da fome
Nasce o fí de quarquer jeito
E a mãe sem leite no peito
Pra sustentar a criança

É dr, você. Num sabe!
Mas é bastante doido
Ver um animá caído
Passando a língua no chão
Quem já serviu de transporta
E atendia pelo nome
Dando gemido de fome
Sem um talo de ração

É por isso que eu digo
As vezes me dá vontade
De fazer uma mardade
Com meu tito de inleitor
Picá-lo bem miudim
Sacodir numa coivara
Criar vergonha na caara
E num votar mais nos doutor

Será que com tanta briga
Tanta notiça de guerra
Deus num se esqueceu da terra
E abandonou o sertão
Se eu errar peço perdão
Mas acho que tá na hora
De argúem qui tá lá pro fora
Vim oiá mais pro sertão

Será que Deus ficou véi
E num sabe mais o que faz?
É que eu jaá pedi de mais
E ele num me atendeu
Já rezei, já fiz premeça
Já li a briba todinha
Mode ver se achuva vinha
E inté aqui num chuveu

Jesus Cristo me perdôi
Mas é qui eu fico zangado!
Quando óio meu roçado
E vejo tudo se acabar
Vendo as panelas vazia
Uma maguameconsome
Vermeus fí morreno à fome
E eu num ternada pra dar

Oiano a mata cinzenta
O campo todo pelado
O Sol quente avermeado
Dá vontade de morrer!!
De hoje em diente eu só rezo
E só faço outra oração
Quando lá no meu sertão
Vortá de novo a chuver

Ah dr. Cuma me dói
Arrescordá meu passado
Meu sertão de chão rachado
Pela seca arrinitente
Fica tudo diferente
No tempo da sequidão
É fôia seca no chão
Casa veia abandonada
Vaca morrendo atolada
Na lama do cacimbão

Num se avista nem anum!
Dento do bosque esquisito
Cabra, carneiro, cabrito
Morreno de um em um
Menino magro doente
E a mãe impaciente
Sem saber o que fazer
E o pobre catingueiro
Nos assêro do terrero
Pedindo a Deus pra chover

Menina quage criança
Com o peito cheio de magua
Vai ver se arruma água
Cum trez légua de distança
A muié magra coitada
Guarda as panela imborcada
Num girau véi da cozinha
Os mulequim com emborná
Correno atraz dum preá
Mode comer com farinha

O sertanejo cabôco
Se embrenha nos tabulêro
Intrupicano nos toco
Pra ver se sarva um carnêro
Que tá morreno de fome
Pois faz um mês que num come
Nem mandacaru tostado
Só se avista flagelo
E a morte com seu cutelo
Matando gente adoidado

Domingo dia de fera
É o maior sofrimento
O pobre pega uma cela
Põe no lombo do jumento
E sai caminhando à trote
Passa riacho, serrote
Tristonho, desanimado
Vai falar com o budegueiro
Pra ver se sem ter dinheiro
Faz outra feira fiado

Em casa a criança chora
Chega faz éco na serra
Gato mia, cabra berra
A situação piora!!
Na rua o pobre se vinga
Enchendo a cara de pinga
Esquece o que tá passano
E a mãe em casa coitada
Consolano a fiarada
O dia inteiro esperano

Quando ela perde a fé
Vai na casa da vizinha
Pede um pouquim da farinha
Uma cuié de café
Cuma boa mãe que é!
Acomoda a fiarada
Sem durmir agoniada
Vai pra porta ver a Lua
Chega o marido da rua
Bêbado, com fome e sem nada

Toda caatinga se cala
Parece qui nem tem gente
E a cauã impaciente
Cantano fora de hora
As porta das casa veia
O vento abrino e fechano
Num tem mais ninguém morano
Qui a seca boto pá fora

O gado mago morreno
Vítima da seca assassina
Nem um galo de campina
Canta pá nós escutar
Só a coruja agourenta
Dá uns gemido na gruta
Toda vez que a gente escuta
Dà vontade de chorá

O ipê roôxo num fulora
Tamburíl nem catingueira
Nas moita de quixabeira
Num tem mais anum mara
Donde os numbú de pé roxo
Cantava de tardesinha
E os bando de indurinha
Vinha se agazaiá

A Lua nasce branquinha
Iguá a casca de ôvo
Parece zombá do povo
Cada vez mais atraente
Os cadelim vira-lata
Detrás da porta ganindo
Parece qui tá sentindo
A dor que seu dono sente

E os dr. Da política?
Nem óia pro cariri
Só fala de C.P. i
Nesses tá de mensalão
Chega na televisão
Mentindo de cara liza
Parece que nem precisa
Dos matutim do sertão

Será que esses deputado
Num vê qui foi n's qui deu
Que votou, que escreveu
No dia da inleição?
Com uns papezim na mão
Butemo lá o seu nome
E eles nem vê qui a fome
Tá devorano o sertão

Num ver mãe sentindo dor
Botar força pra parir
E o fí sem quer sair
Pro que num tem mais sustança
Na agonia da fome
Nasce o fí de quarquer jeito
E a mãe sem leite no peito
Pra sustentar a criança

É dr, você. Num sabe!
Mas é bastante doido
Ver um animá caído
Passando a língua no chão
Quem já serviu de transporta
E atendia pelo nome
Dando gemido de fome
Sem um talo de ração

É por isso que eu digo
As vezes me dá vontade
De fazer uma mardade
Com meu tito de inleitor
Picá-lo bem miudim
Sacodir numa coivara
Criar vergonha na caara
E num votar mais nos doutor

Será que com tanta briga
Tanta notiça de guerra
Deus num se esqueceu da terra
E abandonou o sertão?
Se eu errar peço perdão
Mas acho que tá na hora
De argúem qui tá lá pro fora
Vim oiá mais pro sertão

Será que Deus ficou véi
E num sabe mais o que faz?
É que eu jaá pedi de mais
E ele num me atendeu
Já rezei, já fiz premeça
Já li a briba todinha
Mode ver se achuva vinha
E inté aqui num chuveu

Jesus Cristo me perdôi
Mas é qui eu fico zangado!
Quando óio meu roçado
E vejo tudo se acabar
Vendo as panelas vazia
Uma maguameconsome
Vermeus fí morreno à fome
E eu num ternada pra dar

Oiano a mata cinzenta
O campo todo pelado
O Sol quente avermeado
Dá vontade de morrer!
De hoje em diente eu só rezo
E só faço outra oração
Quando lá no meu sertão
Vortá de novo a chuver

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