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Confira a Letra Um Travesti No Sertão

Zé Ceará

Um Travesti No Sertão

No sertão tem muié bela
Cabra que usa facão
Os home vão pro roçado
As muié vão pro fogão

No sertão a bala avoa
Na latada do forró
E o home que num namora
Os cabra manda ir simbora
Procurá outro xodó

No sertão o cabra é macho
E a muié feminina
Num tem esse cambalacho
De home cum a voz fina

Mas num dia de sol quente
Casamento de Rosinha
Apareceu o diacho
Na forma duma bichinha

Parecida cum a Xuxa
Num vistido cor lilás
A paquita do Exu
Que redimiu satanás

A dama, além de formosa
Era bizarra e faceira
Dançava rodando a saia
Em torno duma fogueira

Foi pro lado de Juvino
Toda dançando, ligeira
no coitado do matuto
Bateu logo a tremedeira

Depois dançou com Calixto,
Zé Bento, Joca e Mané
Dançou inté cum Tonico
Que era aleijado dum pé

Dançou, bebeu, encantou
Os cabra daquela terra
Parecia Lady Dy
Princesa da Inglaterra

O coroné Virgulino
Quando viu se apaixonou
Botou logo o mió terno
E todo se embonecou

Entrou todo satisfeito
Na latada do forró
Foi dançá com a danada
Que as perna dava um nó

O coroné pensou logo
Acabou o meu tormento
Foi logo propondo à dama
Era amor prá casamento

Quando acabô o forró
Levou a danada imbora
Apregada a tiracolo
Num via chegar a hora

Deitaram logo na cama
E começou o xodó
Era o maior rela-buxo
Por debaixo dos lençó

Jogou fora o paletó
Ela atirou o vestido
E disse: mais devagar
Somente quando Eu casar
Eu dou o meu perseguido

Mas o coroné, matreiro
Fungando feito um tarado
Ciscando que nem um gola
Deixou, num piscar de olho
A moça só de caçola

O coroné foi descendo
Ela obrigou a brecar
Só libero a bacurinha
Quando o padre autorizar

Ele de tanto tentar
Já tava desconfiado
Que butija escondida
Que bombom mais embruiado

O coroné tava doido
Depois de tanta esfregada
Deu um puxão na tanguinha
Deixou a muié pelada

Preparou prá dar o bote
Vou devorar essa preza
Mas parou, estatelado
Com aquela malvadeza

Invés da felicidade
Que a noite prometeu
O negócio da comadre
Era maior que o seu

Ao invés da tênue relva
De leve e pura beleza
Tava deitado cum macho
Na maió das safadeza

Puxou logo da peixeira
Começou a fumaçá
Te cuida cabra safado
Agora o pau vai cantá

Ela disse: coroné
Os tempo tão diferente
Esquece os teus preconceito
E vamo tocá prá frente

Se já tá tudo mudado
Se o juízo tá nas venta
Se são direitos iguais
Então que é que tem demais
Sê igual as ferramenta?

Coroné jogou a faca
Sartou fora o capeta
O diabo é quem fica aqui
O coronel é careta

O macho-e-fêmea escapou
Corria que só jumento
Tão querendo me aleijar
Tirar os meus documento

Vou me embora prá cidade
Num vorto mais pro sertão
Aqui a prosa é concreta
Não tem aduvinhação

Prás cabôca bem faceira
Tem festa, amor e baião
Mas pros cabra afeminado
Vestindo saia e tarado
Só foice, bala e facão

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