Quantos pais foram silenciados
Quantos filhos cresceram sem saber que o pai lutou
Chamam-me incapaz, mas não veem a estabilidade que conquistei
Quatro anos medicado, sem falhas, a trabalhar sete dias por semana
E ainda assim, dizem que não posso estar com os meus filhos sem supervisão?
Chega, eu sou um pai presente, e esta é a minha verdade
Sou pai de um casal, mas só me veem aos bocados
Quatro horas por semana, num espaço vigiado
Dizem que é proteção, mas cheira a castigo
Quando a mãe tem o poder, e o pai fica esquecido
Tenho estabilidade, laudos, tribunal arquivou
Ambulatório fechado, mas ninguém acreditou
Quatro anos de injeção, sem falha, sem recuo
Agora que estou firme, dizem: Não estás seguro
Onde está a justiça que avalia com razão?
Ouvi o psicólogo, mas ignoram meu coração
Sou pai trabalhador, contribuo, não sou perigo à solta
O que mais querem que eu prove nesta luta?
Vicente e Mara, sou vosso pai de verdade
Mesmo quando o mundo me rouba essa vontade
O tempo não volta, mas eu estou aqui
A lutar por vocês, sempre, até ao fim
Chamam-se visitas, mas são encontros vigiados
Como se o meu amor precisasse de ser controlado
O vicente já lê, e eu não vi os primeiros traços
A mara cresceu, e eu só vejo em pedaços
Disseram que a saúde mental era ameaça
Mas nunca viram que a medicação me abraça
Nunca faltei, nunca neguei quem eu sou
Sou bipolar, sim, mas o meu amor não mudou!
Quero partilhar rotinas, afetos, manhãs
Quero poder deitar e acordar com eles nas manhãs
Guarda partilhada, sem medos, e sem disfarce
Porque pai presente, não é visita de parque!
Vicente e Mara, o pai não desistiu
Por cada segundo perdido, o tempo vai ser nosso, eu juro
Guarda partilhada é direito, não favor
E visitas vigiadas? Isso não é amor
A paternidade não é um privilégio, é um dever
E eu cumpro o meu
Não me calem com rótulos, nem me afastem com burocracia
Porque ser pai presente
É ser pai com alma, com tempo, com voz, e com liberdade