Lá em Salinas, Minas Gerais, nasceram dois irmãos gêmeo
Um chamava Pedro, o outro chamava Paulo
Eles eram tão parecido' um com o outro, mas tão parecido
Que tirando a semelhança, eles eram idêntico até nas semelhança
Num tanto, que lá em Salinas, ninguém mais sabe quem que é o Pedro
Nem quem que é o Paulo, nem mesmo o pai e a mãe deles
Então, todo mundo começou a chamar os dois meninos de Pedro Paulo
Pedro Paulo, vem cá, menino
Pedro Paulo, desce daí, moleque
E o Pedro Paulo e o Pedro Paulo foram crescendo, foram crescendo
Aquele tipo de menino que pergunta, pergunta, pergunta
Menino que pergunta muito, aborrece, mas fica sabido
Quando ficaram jovenzinho', um deles pôs um saco nas costas
E tá andando pelo mundo, 'tá andando
Dizem que ele é o tal do homem do saco
Dona, a senhora já viu ele por aí, não viu?
E o outro, tá lá em Salinas até hoje
Começou a mexer com passarinho
Olha só o que aconteceu com ele
Um dia, Pedro Paulo descobriu
Que passarinho só voa por causa das asas que eles têm
É que faz eles ficarem mais leve que o vento
Então, Pedro Paulo imaginou
Como que seria bonito alevantar voo feito um bichinho desse
Subir até lá no alto
Ver as coisas tudo desse tamanhozinho aqui embaixo
Moço! Dona! Imagina só!
A casa de Ramiro das dentadura, a venda de Luizinho, a igrejinha
Pedro Paulo achou aquilo bom demais
E começou a levar os passarinho tudo pra dentro de casa
Colibri, sanhaço, beija-flor, bem-te-vi
Até que uma noite, até que uma noite, vai ouvindo!
Até que uma noite, Pedro Paulo pegou os passarinho tudo
Amarrou bem firme nos braço, nas perna, na cabeça, na barriga
Subiu num pé de gameleira, alto que só ele, e dali
Pedro Paulo se atirou no céu feito se tivesse asa
Os passarinho, sem fazer força nenhuma, foram levantando ele
Foram levantando voo mais ele, e foram subindo
E foram perdendo o tamanho
E foram desaumentando
Desaumentando, desaumentando!
Até que chegaram no céu e viraram estrela
E, às vezes, desce pra cantar pra nós
Pra cantar mais nós umas música assim
Ó, mana, deixa eu ir
Ó, mana, eu vou só
Ó, mana, deixa eu ir
Para o Sertão do Caicó
Eu vou cantando com aliança no dedo
Eu aqui só tenho medo
Do mestre Zé Mariano
Jesus nasceu, o sacristão bateu o sino
Pela força do divino
A luz do sol apareceu
Ó, mana, deixa eu ir
Ó, mana, eu vou só
Ó, mana, deixa eu ir
Para o Sertão do Caicó