Isso aqui não é só som
É memória
É cicatriz
É o grito de quem nunca teve vez
Acordo cedo, vejo o mundo girar torto
Tanta verdade escondida em um corpo morto
Na TV, só mentira com maquiagem
Na quebrada, só tristeza e sabotagem
Vila suando, mãe chorando no portão
Enquanto o governo faz selfie e estende a mão
Mas essa mão nunca chegou aqui
Só chegou o caveirão, e o gatilho no peito do Davi
Cresci ouvindo que era pouco, que era sorte
Que meu futuro era cela ou era morte
Mas rimei, resisti, mesmo sem estrutura
Hip Hop me ensinou que arte também é cura
No silêncio da cidade, eu ouço gritos calados
Tanta dor que virou verso rimado
Hip Hop consciente é a luz que me guia
Na selva de pedra, minha fé é poesia
Hoje eu sou voz, mas já fui só número
Mais um preto na estatística, longe do currículo
Só que a mente acesa vale mais que ouro
E meu povo ainda sonha, mesmo sendo o dobro do esforço
Meu mic é livro aberto, é resistência viva
Cada rima minha carrega uma narrativa
De quem cresceu vendo o mundo pela fresta
E aprendeu a transformar ferida em festa
Não sou vitrine, sou espelho quebrado
Refletindo o que o sistema sempre teve calado
Mas o som bate, a mensagem vai
Hip Hop não morre, ele renasce onde a dor não sai
No silêncio da cidade, eu ouço gritos calados
Tanta dor que virou verso rimado
Hip Hop consciente é a luz que me guia
Na selva de pedra, minha fé é poesia
Se minha voz incomoda, é porque fala o real
Hip Hop é revolução espiritual
Não é só batida, é missão, é destino
É salvar quem se perdeu no caminho