Porcos
Quem dera eu pudesse empilhar os seus corpos
Na porta da favela pra mostrar pros outros porcos
Que eles vão sumir no estilo okus
Porcos
Quem dera eu pudesse empilhar os seus corpos
Na porta da favela pra mostrar pros outros porcos
Que eles vão sumir no estilo okus
Eu fazendo papel de troxa pros coxa da cara dura
Ou me para e me Poe na barca ou acelera a viatura
Será que isso porventura é resquício de ditadura
Ou excesso de branca pura? Ou a arma na sua cintura?
Doença que não tem cura, portar arma é privilegio?
Até seu filho pegar ela e sapecar Lá no colégio
E os porcos montam cavalos, não há mais como Pará-los
Na madruga eu gato pardo, macaco fora do galho
Passou devagar no Palio, eu sei que não vou ser páreo
Carai! Se eles me encara bye bye, se eles me para fudeu
Senhor pra mim é só Deus, mas eu que sou meio ateu
Só abaixo pro meu pai
E lombra os role na praça, e põe algema nos parca
E manda guardar o som, e conta achando graça
E cê não vê pior raça, o capitão foi a caça
Observou os moletom, falou que é tudo comparsa
Porcos
Quem dera eu pudesse empilhar os seus corpos
Na porta da favela pra mostrar pros outros porcos
Que eles vão sumir no estilo okus
Porcos
Quem dera eu pudesse empilhar os seus corpos
Na porta da favela pra mostrar pros outros porcos
Que eles vão sumir no estilo okus
Eu tenho que ter postura mesmo se não estiver errada
E a corda arrebenta sempre do lado mais fraco
Mesmo não sendo fraca, não me concedem direito à fala
É isso que nos maltrata, pois morremos Marielles
Eles sempre no espelho arrumando seus topetes
Pensando em notícias e guiando marionetes
Assistindo todo dia o que sempre se repete
E quando vai acabar, se já fez essa pergunta?
É difícil responder quando a boca fica muda
E aí, será que muda, ou sempre vai ser assim?
A favela escorre sangue e respinga só em mim
As Cláudias são arrastadas, quantos mais Rafael Braga
Quantos mais ainda de nós vão deixar de existir?
Toda vez que penso nisso, não tem como distinguir
O aperto no meu peito e a revolta no estopim
O luto pelos que morrem e a força pra seguir
O choro que nunca para, a saudade veio aqui
A garganta engasgada, pois não consigo engolir
O abuso desses porcos que não sabem de onde vim
E por mais que eu falasse tudo que tem no meu peito
Mesmo assim, enfrentaria a violência e o preconceito
Eles sempre arrumam um jeito de tirar o meu direito
É que a falta de respeito faz eu parecer suspeito
Porcos
Quem dera eu pudesse empilhar os seus corpos
Na porta da favela pra mostrar pros outros porcos
Que eles vão sumir no estilo okus
Porcos
Quem dera eu pudesse empilhar os seus corpos
Na porta da favela pra mostrar pros outros porcos
Que eles vão sumir no estilo okus
É pau mandado coitado, é cão de caça do Estado
Pegaram o escravo na fuga, é ele mesmo que julga
E no tribunal da madruga não vai ter advogado
Foi condenado coitado, nem olharam pro passado
Sem assistência nenhuma, com as influencia da turma
Querendo um tênis da Puma que os MC tem usado
É essa justiça opressora, despreparada e sem lei
Que aponta metralhadora pra professora de UMEI
E a do seu fi tá no mei
E quem recebe mais renda?
Capataz bem armado ou a escola sem merenda?
Quem errou paga prenda ou tá usando uma venda
Ou sua coleira tá curta que nem do porco que surta
Não sabe que arma assusta e que não se chuta oferenda
Quem não sabe aprenda a respeitar a diferença
Quem precisa de cura é o que mora na cobertura
Apoiador de tortura e julgador de aparência
Porcos
Quem dera eu pudesse empilhar os seus corpos
Na porta da favela pra mostrar pros outros porcos
Que eles vão sumir no estilo okus