É o preto
Deixa eu te falar, eu e você
Daquele jeitão que cê sabe
Quantas vezes não já te amaram de forma platônica, meu preto?
Como é fácil te amar à distância, não é?
Até quando cê vai aceitar isso?
Até quando você vai se reduzir
Pra caber num mundo que flagrantemente não te cabe, meu preto?
Eu não sou seu amor, sou só uma experiência
O tempo tá passando, eu sei, cê vai cansar
Não é que eu não quero, eu não tô no momento
Ontеm tava na rua e te vi passar
Só três mеses depois, cê já tava sorrindo
E exibindo um branco de troféu no meu lugar
O preto preterido, eu não sou seu destino
Mas sirvo pra sua cama e pra você sentar
Eu sirvo pro afeto dentro do seu lar
Não sirvo pro afeto pra você mostrar
Com um pretinho do lado, você é tão boa
Em mim sua brancura projeta um lugar
Que afirma sua bondade, não, eu tô atento
Não sou esse lugar, cê tem que se curar
Cê tem que se curar, encontrar um lugar
Minha cor não é sua bondade, não vai te salvar
Cê tem que se curar, encontrar um lugar
Minha cor não é sua bondade, não vai te salvar
Vou te deixar no close friends, vai me ver vivendo
Quando eu te ver na rua eu vou te abraçar
Ando sempre sozinho, cê sabe, eu sou discreto
No off eu boto suas amiga pra sentar
Cê tem que se curar, encontrar um lugar
Minha cor não é sua bondade, não vai te salvar
Cê tem que se curar, encontrar um lugar
Minha cor não é sua bondade, não vai te salvar
Não quero alguém que fique, não é o momento
Mas sempre um corre culto que venha somar
Talvez não seja nada, seja só um destino
Mais um preto ascendendo e uma branca vai casar
Com o dinheiro no bolso, vão olhar para ti
Te botar uma coroa, vão te idolatrar
Não importa se é a 7 do Real Madrid
Só vão olhar pra sua cor quando você errar
Essa branca loira é seu diploma de ingresso
Em um mundo que nunca ia te aceitar
Se não fosse sua conta e uma carreira de sucesso
Se não fosse esse sorriso que foi feito pra agradar
Cê tem que se curar, encontrar um lugar
Minha cor não é sua bondade, não vai te salvar
Cê tem que se curar, encontrar um lugar
Minha cor não é sua bondade, não vai te salvar
Da parte mais negra de minha alma
Através da zona de meias-tintas
Me vem este desejo repentino de ser branco
Não quero ser reconhecido como negro, e sim como branco
Ora, e nisto há um reconhecimento que Hegel não descreveu
Quem pode propiciá-lo, senão a branca?
Amando-me ela me prova que sou digno de um amor branco
Sou amado como um branco
Sou um branco
Seu amor abre-me o ilustre corredor que conduz à plenitude
Esposo a cultura branca, a beleza branca, a brancura branca
Nestes seios brancos que minhas mãos onipresentes acariciam
É da civilização branca, da dignidade branca que me aproprio
Cê vai me deixar só, quando te convir
Eu vou ser só mais um pretinho pra te divertir
Cê vai brincar que tá perdida e depois vai sumir
Mas quando quiser falar sério, vai achar o caminho de casa
E um branco padrão pra te fazer feliz
Cê vai me deixar só, quando te convir
Eu vou ser só mais um pretinho pra te divertir
Cê vai brincar que tá perdida e depois vai sumir
Mas quando quiser falar sério, vai achar o caminho de casa
E um branco padrão para te fazer feliz