Quando nasci não entendi o porquê
Quando morri tantas dúvidas sobraram
Quero mais tempo pra medir, sorrir, cantar
Até que acabe e volte a começar
Ei, Dona Carmem!
Ensina esse pobre rapaz
Se o fim é o início do começo
Eu quero viver uns dez mil anos mais
A areia sempre escorre pelos dedos
Toda vez que quero ficar
A ampulheta é surda e não ouve os gritos
Pedindo pra ir devagar
Ei, Dona Carmem!
Me diga onde isso vai dar
De tudo que já disseram, não importa a verdade
Eu só quero ter no que acreditar
Por sete vezes, plantei na mesma rocha
E uma flor com duas pétalas nasceu
Tão opaca, tristonha, amargurada
Será a rocha culpada ou serei eu
Ei, Dona Carmem!
Eu falo sem pronunciar
Enxergo, mas não posso ver
Entendo, mas não sei explicar
A escolha, disseram que é livre
O resultado não é opção
Sei que o que quero posso fazer
Mas nem tudo convém à razão
Ei, Dona Carmem!
A roda fortuna não para
Quando o mar quebra em ondas
Ficar em pé é coisa rara