Não me deram escudo nem espada,
Mandaram-me só caminhar
Seguir a direção do vento
E nas curvas com ele virar
Entre pedras e areia, a chuva
Montanhas e rios e sol
Recebia o presente do dia
Que era contemplar o arrebol
Vi o mundo partido em dois
Perdi forças para então renascer
Contemplei o mistério da luz
Lamentei a ilusão do poder
Na barriga de Alagoas
Na serra quilombos e um deus
Guerreiros, negros, quilombolas
E a fé para lutar pelos seus
Mãe
Me lave nas águas do destino
Seu menino quer surgir
Eu não
Nem com tantas pedras no caminho
Eu nunca vou desistir
Vi o mar subir em Atlântida
Vi Salvador, vi Dalí
Vi de lá dos meus sonhos e cantos
Contos que não esculpi,
Se Chico visse Barcelona
Bem antes do que viu Gaudi
Arquitetaria em música,
Letra pra Gandhi ouvir
Quem nasce para ser ou não ser
Simplesmente nunca será