Ô cumpadi, eu lhe conto, foi lá no boteco da Marlene
Vi um brotinho uma beleza mas sereia sem dente
E a amiga dela, redonda e peluda, parecia uma pantufa
Quase tropeço na moça, quase abraço a suçuarana bruta
Dentro de casa é uma beleza, é só calmaria, é só mansidão
Mas sair na rua com ela, cumpadi aí não dá não
O povo olha torto, o cachorro estranha, até o vento muda de lado
Parece que o destino fala: Xikão, tu tá enrascado
Conheci essa donzela, faz duas semanas e uns quebrado
Mas disse que tá prenha cinco meses eu fiquei assustado ô loko
Falou que o menino é meu, ô cumpadi, me dê a mão
Eu nunca vi tanta matemática errada num só coração
O que pensar, meu cumpadi?
Com quantos cavaco ela fez o jantar?
Eu num tava lá, não, bonitão
Segura essa bomba antes dela estourar
Abre o zóio, cumpadi, o mundo tá virado, tá tudo esquisito
Hoje em dia nasce menino azul, verde, até colorido
Eu só sei que esse causo, se não der certo no amor
Vira moda de viola, vira história e vira dor
Ô cumpadi conheci um brotinho
No boteco da Marlene
Linda, uma sereia, só não tinha dente
Sua amiga era redonda e peluda
Parecia uma pantufa
Dentro de casa é uma beleza é bão
Passear na rua é uma tristeza, dá não
Conheci essa donzela há duas semanas
Ela disse que tá prenha cinco meses
Disse que o menino é meu ô cumpadi, pelo amor de Deus
O quê pensar? Com quantos cavaco ela fez o jantar
Eu não estava lá não bonitão, segura essa bomba aí
Abre o zóio cumpadi
Hoje em dia tá tudo esquisito
Nasce até colorido