Ê trem bão sô
Lá vem o cheiro de pamonha e confusão!
Na cozinha da Madalena, o milho ferve no fogão
O cural tá no ponto e a pamonha no caldeirão
Mas o que causa alvoroço e faz o povo cochichar
É o sabugo do xiko, a perereca da moça que não para de pular! Ihê!
Cural, pamonha e perereca da Madalena
Lá na roça só comilança, gente diferente, careca
Barriguda e sem dente
A é festa boa, tem até catira!
O povo dança, o Xiko roda o chapéu
E o bigode dele brilha mais que o Sol do céu!
Xiko comprou carne dura só pra testar a dentadura
Na primeira mordida, o dente na carne agarrou
O garçom saiu com a dentadura no espeto
Causando terror, oh!
Xiko chegou todo cheio de prosa
Bigode penteado, camisa cheirosa
Disse: Ô Madalena, me dá um pedacim
Desse cural gostoso que mexe com o meu tim-tim!
Cural, pamonha e perereca da Madalena
O milho é doce, a risada é plena!
Pulou no pé dele, deu grito e tropeção
Foi a perereca, da Madalena, não era ilusão!
A coisa feia
Até o galo se engasgou
E o Xiko cheio de medo, nunca mais lá voltou!
Mas no outro domingo à noite
Lá estava o danado de novo!
Preparou o sabugo no forno com manteiga
Caprichou pra Madalena, seu amor, oh!
Cural, pamonha e perereca da Madalena
Na festa da roça ninguém mais se encomenda!
Bigode dourado, sorriso e violão
O Xiko é rei da pamonha e do coração!
Agora todo ano é tradição
Faz pamonha, cural e confusão
E o Xiko jura de pé junto na fogueira
Eu só volto se tiver perereca verdadeira!